Dreams are renewable. No matter what our age or condition, there are still untapped possibilities within us and new beauty waiting to be born.

-Dale Turner-

domingo, 27 de junho de 2010

FuelForLife


Ele desistiu de um amor. Ele já mentiu. Ele não faz questão de bons gostos. Na verdade, seus gostos não combinam, não fazem sentido. Afinal, quem disse quem disse que um blues amargo não combina com um pop selvagem? Falam do mesmo homem. Ele. O homem. Ele não se importa de pedir desculpas. Ele engole orgulhos, e baixa a cabeça perante vozes mais altas. O homem treme de medo. O homem mantém aparências. O homem não quer responsabilidades. O homem, não admite, mas só quer prazer. Ele fugiu quando pôde. Quando não pôde também. Ele descobriu segredos que não eram seus. Aos seus, ele não suporta encarar. O homem teve vergonha de si e envergonhou aos seus. O homem esqueceu grandes amigos, não lhes telefonou. Ainda os ama. O Homem quis morrer. Quis nascer de novo. Quis nunca ter nascido. Quis viver para sempre. O Homem não se decide. Ele não sabe perder. Ele já perdeu vezes demais, mas nunca pára de fingir estar sempre ganhando. O homem até chora, vejam só! Outro dia o encontrei, e surpreendi uma lágrima manchando a sua camisa. E mais uma. E mais uma. Uma delas tocou o chão, e lá nasceu uma plantinha pequena. Claro que não, é mentira. Plantas não nascem em chãos de pedra. Quem lhes tiver dito isso, mentiu. Ainda assim houve algo de novo após aquela lágrima. O homem engoliu o choro. Ele parou de pensar naquilo em que não vale a pena pensar; sinapses não custam assim tão pouco. O homem admitiu a perda. Ele largou vergonhas e pudores. Descobriu que bom gosto é chato. Descobriu que música é só sobre sentir. Descobriu que quase tudo é sentir. Ele agora gosta de fome, de morrer de vontade. De admitir incompletudes e de gritar o quanto precisa. Ele agora fala alto. E sim, o homem ainda treme de medo. Mas medo é prelúdio de iniciativa, e ativa a produção de adrenalina. Fuel for life. O homem só não se esquece, e nem jamais poderia, que ele desistiu de um amor. Alguma primeira pedra...?

11 comentários:

Amanda Arrais disse...

Tu escreves de um jeito aberto que eu acho fantástico. [E cá entre nós, 'Senhas' é uma das melhores músicas ever! Ótima inspiração.]

Plantinhas nascem mesmo em chão de pedra, só há de ter paciência pra esperar.

"O Homem quis morrer. Quis nascer de novo. Quis nunca ter nascido. Quis viver para sempre. O Homem não se decide."

Quem nunca fez tudo isso? Adoro a leveza com que tu descreves tudo de forma simples e, ainda assim, bonita.

Parabéns de novo (sempre, né?) ;)

Anônimo disse...

Esse homem cantaria a qualquer uma que lhe aparecesse "Você não soube me amar, você..." (8). De parabéns mais uma vez!

João Victor disse...

como eu já te disse: o que não tem remédio remediado está...

o resto é dádiva, é bênçao, é dom...

Louise disse...

Teus textos me inspiram. Obrigada.

Unknown disse...

Lucas, parabéns! Teus textos são lindos, e me fizeram bem, haha (:

camiLamoRim. disse...

eu A-M-E-I o final. Não tinha como não terminar em tão grande estilo um texto todo escrito em grande estilo, né? Como diz nosso amigo João: o que não tem remédio, remediado está! Sigamos em frente! E, pra não perder o costume, sigamos em frente de mãos dadas (:

Thiago Viana disse...

Conheço alguém - milagrosamente não sou eu - que é esse cara do texto. rs Enfim, excelente texto, sensibilidade pura, como sempre. Parabéns!

Lucas Jansen disse...

Tu conseguiste e consegues descrever as coisas, até as mais difíceis, dando a simplicidade que até o momento não existia. Me refiro a esse ser tão difícil de se entender e de se lidar: nós, o homem! Parabéns xará..Abraço.

Teresa Moraes disse...

que lindo, me emocionei lendo esse texto

Daniel Formiga disse...

É incrível como você expressa sentimentos, não só seus, mas de muitos, de forma como ninguém mais conseguiria.
ótimo texto, como de costume.

Anônimo disse...

' e suas verdades perfeitas.' ;)